Na rotina habitual, intrínseca ao movimento citadino alimentado por um ritmo tão alucinante como injustificável e delicioso, e por razões que nos deviam ser mais claras do que realmente são, o começar de dia tornou-se diferente. No caos tranquilo e acolhedor de uma cidade cosmopolita, pequenos segundos congelaram, um tempo e um momento que se queria simplista mas intenso. O carro parado em segunda fila e o ar atarefado e desnorteado de um pai em plena segunda de manhã estavam tão dentro do cenário esperado que não trouxeram um traço de imprevisto, isso ficou reservado para o Francisco, um protagonista sem o saber. Lançou-se nos braços fortes do pai, como quem se desprende às cegas de um baloiço, e no seu colo agarrou entre as suas mãos o rosto do pai gritando: “Vião!” De olhos estrelares e num gesto simples e comovente rasgou o céu com o seu dedo indicador minúsculo com a mesma vivacidade com que se rasgou o sorriso no seu rosto. Fixou-se por um segundos em êxtase até ter entrado na escolinha levando consigo algo de fantástico para dizer. Retive-me naquele cenário com eles naquilo que pareceram horas, deliciei-me a olhar aquele pai a deixar-se surpreender como outrora na sua infância o terá feito.
Quantas vezes não terá ele visto um avião sem sequer se aperceber da magnitude que ele ganhara hoje?
Quantas vezes terá ouvido o seu som estrondoso rasgar e impor-se a todos os outros, sem parar e confirmar o seu sentido com o olhar?
Mas esta coisa de ser pai parece trazer consigo um bilhete de ida-volta constantes à própria infância e, de certa forma, faz renascer algo tão belo e esmagador como a vontade de se deixar surpreender pelas pequenas coisas que damos como garantidas. O gostinho especial e naif de quando se vislumbra uma mota, o sol, uma nuvem...passa de filho para pai numa troca generosa quase tão compensadora como os genes. O Francisco não sabe porque voam os aviões ou até para que servem, mas este sábio de palmo e meio, fez o seu pai sentir-se criança de novo e apreciar as coisas mais simples da vida, mais ainda, deu-me boleia nessa pequena viagem também.
Obrigada Francisco
Quantas vezes não terá ele visto um avião sem sequer se aperceber da magnitude que ele ganhara hoje?
Quantas vezes terá ouvido o seu som estrondoso rasgar e impor-se a todos os outros, sem parar e confirmar o seu sentido com o olhar?
Mas esta coisa de ser pai parece trazer consigo um bilhete de ida-volta constantes à própria infância e, de certa forma, faz renascer algo tão belo e esmagador como a vontade de se deixar surpreender pelas pequenas coisas que damos como garantidas. O gostinho especial e naif de quando se vislumbra uma mota, o sol, uma nuvem...passa de filho para pai numa troca generosa quase tão compensadora como os genes. O Francisco não sabe porque voam os aviões ou até para que servem, mas este sábio de palmo e meio, fez o seu pai sentir-se criança de novo e apreciar as coisas mais simples da vida, mais ainda, deu-me boleia nessa pequena viagem também.
Obrigada Francisco